GOLIAS
Um gigante guerreiro, representante dos filisteus, contra quem Davi lutou e que ele matou com apenas uma pedra em uma funda, na última parte do reinado de Saul (1Sm 17). Era chamado de “guerreiro... de Gate”. Sua altura é registrada como de “seis côvados e um palmo” (cerca de três metros, de acordo com a medida de um côvado). Provavelmente era contratado pelos filisteus, e talvez fosse descendente dos refains ou enaquins (veja Anaque). O texto descreve o peso de sua armadura em detalhes e diz que sua lança “era como o eixo de um tear”, para enfatizar ainda mais a estatura e a força do gigante (1Sm 17.5-7).
Os exércitos de Israel e dos filisteus estavam posicionados frente a frente no vale de Elá. Todos os dias Golias saía do meio das tropas, ia até o vale e gritava, a fim de desafiar os israelitas. Se alguém conseguisse vencê-lo em combate, os filisteus se submeteríam aos hebreus. Se Golias, no entanto, ganhasse, os israelitas se tornariam vassalos deles. Desafios desse tipo representavam um método comum, bastante usado nas batalhas naqueles dias.
Davi chegou ao campo de batalha enviado por seu pai para levar comida aos irmãos dele, alistados no exército de Israel. Ouviu o desafio e perguntou o que significava aquilo e quem tomaria uma providência ou faria algo. Na verdade, Saul e seus soldados estavam todos amedrontados diante do desafio de Golias. Davi ficou horrorizado por conhecer um “incircunciso filisteu” que desafiava “os exércitos do Deus vivo” (1Sm 17.25,26). Assim, apresentou-se como voluntário para aceitar o desafio. Levaram-no diante do rei, que achou a idéia daquele jovem franzino enfrentar o gigante Golias um verdadeiro absurdo. Davi mencionou fatos em sua vida que mostraram sua coragem, como pastor das ovelhas de seu pai. O mais impressionante, porém, no argumento do filho de Jessé era que o Senhor estaria com ele, pois fora Deus que o ajudara antes.
Saul finalmente concordou, mas insistiu em que Davi vestisse a armadura, a qual era muito grande. Davi tirou aquela indumentária de querra, pegou cinco pedras lisas em um córrego e saiu para enfrentar Golias com sua funda e as pedras em seu alforje de pastor (1Sm 17.40). O guerreiro filisteu sentiu-se ofendido por terem mandado um garoto para enfrentá-lo e começou a lançar impropérios e ameaças contra o filho de Jessé. A resposta de Davi foi de grande significado e serviu como um sinal do tipo de rei que ele um dia se tornaria. Argumentou que, enquanto Golias vinha contra ele com espada e lança, ele ia “no nome do Senhor dos exércitos, o Deus dos exércitos de Israel” (1Sm 17.45). O Senhor é que entregaria Golias em suas mãos; mas não só os filisteus aprenderíam sobre o poder de Deus — os israelitas também, pois Davi continuou: “Saberá toda esta congregação que o Senhor salva, não com espada, nem com lança; pois do Senhor é a guerra, e ele vos entregará nas nossas mãos” (1Sm 17.47).
Golias foi morto com uma pedra, atirada com força e extrema pontaria por Davi, que atingiu o gigante bem na testa. O filho de Jessé então cortou a cabeça de Golias com a própria espada do gigante. Os filisteus foram perseguidos e derrotados pelos israelitas. Depois dessa vitória a reputação de Davi foi estabelecida, e logo depois o rei Saul começou a vê-lo como uma ameaça (1Sm 18).
Na narrativa desse episódio, fica claro que o autor quis mostrar o desenvolvimento de três relacionamentos diferentes: entre Davi e Golias, o qual representava os filisteus; entre Davi e Saul com seus exércitos; e entre Davi e o Senhor Deus. O filho de Jessé tinha muita confiança no Todo-poderoso e sabia que podia aceitar o desafio do filisteu “incircunciso”, com convicção. Para Davi, os filisteus representavam uma nação em rebelião contra Deus. Qualquer um que se levantasse contra o Senhor seria julgado por ele, e Davi antecipou bem o resultado, por sua fé. O filho de Jessé também encontrou-se em desacordo com a atitude geral dos israelitas, que não demonstravam a mesma confiança. Parece que Saul concordou quase com relutância, ao dizer a Davi; “Vai-te, e o Senhor seja contigo” (1Sm 17.37). Mais tarde, a reação do rei torna-se evidente, quando considerou a morte de Golias como sinal de que Deus estava com Davi, mas não com ele próprio (1Sm 18.12). De fato, foi a raiva e o ciúme de Saul para com o sucesso do filho de Jessé que causaram a vinda de “um espírito maligno da parte de Deus” sobre ele (1Sm 18.10).
A confiança de Davi no Senhor indicava a profundidade de sua fé e o relacionamento que tinha com Deus. O Senhor o abençoou e daquele momento em diante o filho de Jessé tornou-se o centro da narrativa bíblica, enquanto a bênção de Deus sobre ele tornava-se cada vez mais abundante. Golias, o gigante fortíssimo, foi derrotado pelo Todo-pode-roso, que operou por meio daquele que era jovem e fraco. Posteriormente, a espada de Golias foi levada para a cidade de Nobe, onde foi escondida pelo sacerdote Aimeleque e devolvida a Davi, quando este precisou dela (1Sm 21.9,10).
Fonte: Quem é quem na bíblia
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