Ageu é o décimo dos doze “profetas menores”, que eram assim chamados não devido à sua importância, mas ao volume de seus escritos. Quase nada se sabe sobre seu passado, sua genealogia, local de nascimento e acontecimentos envolvendo sua vida.
A palavra Ageu parece ter derivado do termo hebraico que significa festividade, provavelmente porque seu nascimento coincidiu com a data de uma das festas judaicas. Em 538 a.C. os judeus começaram a voltar do exílio na Babilônia. Ao chegarem a Jerusalém, começaram a tentar retomar o ritmo normal da vida reconstruindo suas casas. Muitos judeus que tinham conseguido desenvolver carreiras bem-sucedidas ou atividades comerciais na Babilônia estavam relutantes em abandoná-las pela perspectiva de um futuro desolador e não promissor na Palestina. Entretanto, pode-se concluir que a maioria dos que retornaram à Judeia foram motivados mais pelo zelo do que por posses comerciais.
Dois anos depois, em 536 a.C., foram lançados os alicerces para reconstruírem o templo que havia sido destruído por Nabucodonosor. Os mais novos exultavam com a construção do novo templo, pois não conheceram a glória do templo construído por Salomão, enquanto que os mais velhos choravam (Ed 3.8-13). Porém, o povo desanimou na construção do novo templo e a interrompeu de 536 até 520 a.C. Durante aproximadamente dezesseis anos, o povo não teve ânimo e forças para retomar os serviços. Foi nesse momento que Deus usou Ageu com uma mensagem motivadora aos que estavam desanimados e parados.
Calcula-se que Ageu profetizou de agosto a dezembro de 520 a.C., no segundo ano de reinado do rei Dario I, rei da Pérsia. Seu ministério como profeta durou apenas quatro meses. Porém, mais importante do que o tempo de duração, foi a eficiência com a qual exerceu a tarefa que Deus confiou a ele. Seu ministério pode ser considerado como o ministério da esperança, suas palavras foram fontes de ânimo. Provavelmente Ageu tenha conhecido a glória do templo de Salomão antes do exílio (Ag 2.3).
O primeiro livro profético dos tempos pós-exílicos foi o de Ageu, o qual registra quatro discursos dirigidos aos judeus durante os quatro meses do seu ministério. A comunidade judaica dali, com dezoito anos de existência, também estava desencorajada devido ao fracasso das colheitas, a seca e a hostilidade das populações vizinhas, a ponto de alguns já estarem intentando voltar para a Babilônia. Por isso, Ageu repreendeu-os por terem deixado o templo semidestruído. Para Ageu, os problemas da comunidade estavam ligados ao fato de a casa do Senhor ainda continuar em ruínas. Era por esse motivo que as colheitas eram magras e seus campos assolados pela seca. Se desejassem que fosse restaurada a prosperidade, eles deveríam “subir a montanha, trazer madeira e reconstruir a casa” (Ag 1.8).
Esse entendimento de Ageu associando à mentaüdade das pessoas com a realidade da cidade de Jerusalém pode nos ensinar um princípio: o nível de espiritualidade das pessoas de um lugar determinará como será esse lugar. Ageu foi diferente dos outros profetas reformadores que profetizaram antes do exílio. Ele era mais sacerdotal no caráter, enfatizava mais a adoração no templo e o cumprimento da lei na vida, como o caminho para maior prosperidade. O profeta Zacarias foi contemporâneo de Ageu. Os dois não somente estabeleceram o impulso necessário para a reconstrução do templo (Ed 5.1), como também permaneceram envolvidos no projeto até sua finalização, quatro anos mais tarde (Ed 6.14-15).
Ageu não faz menção a essa fase posterior da reconstrução. No entanto, os anciãos presentes na dedicação lembraram-se da glória do templo anterior. O atual jamais seria comparado com aquele. Embora pouco se saiba sobre o chamado “segundo templo”, que foi construído após a exortação de Ageu, ele sobrevivería por aproximadamente 600 anos, dois séculos a mais do que durara o primeiro templo. No entanto, não era esse tempo maior de duração que representava a expressão "a glória desta última casa, será m aior que a da prim eira” (Ag 2.9). Na verdade, essa profecia apontava diretamente para Cristo. Em 19 a.C. Herodes começou a restaurar esse templo.
A profecia de Ageu faz referência à “glória”, e o que representava a glória de Deus no meio do seu povo no Antigo Testamento era a Arca da Aliança, que havia desaparecido em 586 a.C., na invasão de Nabucodonosor a Jerusalém. Que glória, então, seria essa que Ageu estava profetizando, já que a Arca da Aliança não existia mais? Essa glória era uma alusão ao próprio Messias, que foi apresentado nesse mesmo templo, após a restauração por Herodes (Lc 2.25-32). A profecia de Ageu, contudo, encorajou os trabalhadores a anteciparem um dia no futuro, que seria mais glorioso que a dedicação do presente templo. Ageu visualizou aquele que atrairía a riqueza e a adoração das nações (Ag 2.6-9). E, na pessoa de Zorobabel, viu uma figura messiânica que governaria sobre os reinos, como o rei. (Ag 2.20-23).
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