I. A PÉRSIA NO TEMPO DE ESTER
1. Contexto histórico (597-465 a.C). Por volta de 597 a.C. Judá fora invadido por Nabucodonosor, rei de Babilônia. Onze anos depois, por ordem deste poderoso monarca, os babilônios destruíram Jerusalém e levaram os judeus para o cativeiro (2 Cr 36.17-21). Porém, a despeito de sua grandeza, o Império Babilônico não resistiu às pressões militares do colossal exército Medo-persa, sendo derrotado em 539 a.C. A partir daí, os judeus tornaram-se vassalos dos persas.
Em 485 a.C, Dario Histapes, rei da Pérsia, o que reinara na época da conclusão do templo de Jerusalém (ver 2 Cr 36.22,23; Ed 5-6), morreu, sendo sucedido por seu filho Assuero (Xerxes I). A miraculosa história da rainha Ester inicia-se no terceiro ano do reinado deste extraordinário monarca.
2. Assuero, rei persa. Assuero foi o homem mais poderoso de seu tempo. Governou o vasto Império Pérsico, desde a Índia até a Etiópia, que compreende cento e vinte e sete províncias (Et 1.1). Do texto bíblico inferimos que Assuero era egocêntrico e costumava alardear o esplendor de sua grandeza (Et 1.3-4). Não admitia que suas ordens fossem questionadas (Et 1.12). Certa vez, embriagado e enfurecido, agiu com tirania contra Vasti, sua esposa (Et 1.7-12). Passado aquele momento de insensatez, percebeu que não deveria ter procedido daquele modo (Et 2.1). Decisões tomadas no calor das emoções trazem conseqüências desastrosas. A história de Jefté é um grande exemplo (Jz 11.30-40).
3. O ímpio Hamã. Assuero havia engrandecido a Hamã sobremaneira, elevando-o à segunda pessoa mais influente do reino (Et 3.1). Hamã era ganancioso, ardiloso, traiçoeiro; um mau exemplo para a própria família (Et 5.11-14). Odiava Mardoqueu e desejava sua morte (Et 5.9). Não queria apenas matá-lo, mas exterminar todo o seu povo (Et 3.5,6). Quando o coração humano não tem Cristo é um solo fértil para o surgimento, abrigo e crescimento do ódio. O cristão deve estar atento aos primeiros sinais dessa praga que mina as forças espirituais (Ef 4.26). O autêntico Cristianismo está baseado no amor (Jo 13.34,35). Qualquer atitude que fira este princípio deve ser rejeitada (1 Jo 4.8).
4. Mardoqueu, um homem humilde e temente a Deus. Primo da rainha Ester e fiel servidor do palácio (Et 2.5-7,21), Mardoqueu era um exemplo de autêntica humildade, confiança e obediência a Deus (Et 5.13,14). A despeito de ter sido promovido é exaltado pelo próprio rei, nenhum direito reivindicou; sequer exigira as glórias que lhe eram devidas, mas retornou ao trabalho cotidiano (Et 6.11,12), deixando tudo nas mãos do Senhor. Mais tarde, esse extraordinário homem foi honrado e reconhecido como protetor do povo judeu (Et 10).
Enaltecida pela Palavra de Deus (Mt 5.3; Sl 138.6), a humildade é uma virtude imprescindível a todo crente.
II. ASPECTOS DO CARÁTER DE ESTER
1. Obediência. A Bíblia engrandece a obediência dos filhos aos pais (Ef 6.1-3; Mt 15.4). Sendo órfã (Et 2.15), Ester em tudo obedecia a Mardoqueu, seu pai adotivo. Certa ocasião, quando este lhe ordenou que não declarasse a que povo pertencia, a jovem não titubeou, obedeceu-o prontamente (Et 2.10,20). Mesmo casada, Ester permaneceu fiel às promessas que fizera a Mardoqueu, honrando-o em tudo (Êx 20.12). Mais tarde, ao receber o pedido de Mardoqueu para livrar seu povo do extermínio, Ester mais uma vez atendeu-o, mesmo consciente dos sérios riscos que correria (Et 4.8,16).
A independência e as novas funções exercidas pelos filhos na sociedade moderna não os impedem de respeitar seus pais, nem tiram destes a responsabilidade de admoestá-los (Et 2.11). Deus abençoa os filhos que seguem rigorosamente os sábios conselhos dos pais (Gn 7.7,13; 8.18).
2. Humildade. Ester estivera algum tempo sob os cuidados de Hegai, guarda das mulheres (Et 2.8). Segundo a narrativa bíblica, ela poderia pedir-lhe o que quisesse, entretanto, contentava-se com o que lhe oferecia (Et 2.15). Quantos, no lugar de Ester, não se esqueceriam do Senhor, usufruindo das iguarias e dos recursos que estivessem à sua disposição.
O conselho de Pedro em sua primeira carta, capítulo três, versículos de três a cinco, aplica-se perfeitamente à vida de Ester (Et 2.17).
3. Disposição. É maravilhoso quando nos colocamos inteiramente nas mãos de Deus para realizarmos sua obra. Mas, infelizmente, nem todos estão dispostos a pagar o preço (Mt 19.16-22). Ester colocou sua vida em risco a fim de livrar seu povo do iminente extermínio (Et 4.16). Há muitos que não dedicam sequer parte do seu tempo ao serviço do Reino de Deus. Todavia, Deus continua convocando servos fiéis, dispostos a serem poderosamente usados em suas mãos.
4. Sensatez e Paciência. Ester era cautelosa (Et 2.10,20; cf. Am 5.13) e paciente (Et 5.2,3,4-8; 7.1-6). Esperava o tempo de Deus com toda resignação (Et 7.5-10). A sensatez e a paciência têm salvado muitas vidas ao longo da história. São virtudes indispensáveis a todos os filhos de Deus (Sl 40.1; Rm 5.3,4; Pv 14.33). Foi exatamente em razão dessas qualidades que Ester fez sucumbir os malévolos projetos de Hamã (Et 7-8). Cumpriu-se em Ester o sábio provérbio: "O rei tem seu contentamento no servo prudente, mas, sobre o que procede indignamente, cairá o seu furor" (Pv 14.35).
Fonte: Extraído da lição 04 do terceiro trimestre 2007 cpad
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