QUEM FOI JEFTÉ?
Um dos líderes importantes do período dos juizes (Jz 11.1-12.7). Ele era da região de Gileade e era filho de um homem chamado Gileade. Sua mãe era meretriz, de forma que os filhos legítimos de Gileade afastaram Jefté de sua casa. Ele foi viver em Tobe, possivelmente a leste de Ramote-Gileade. Lá ele reuniu em torno de si um grupo de homens de caráter duvidoso, porém de grande coragem, que vivia saqueando outros grupos. Jefté era um guerreiro poderoso, um líder carismático cheio do Espírito do Senhor (11.29), que se orgulhava de ser justo e honesto em seu trato para com as pessoas.
Quando a área de Gileade teve problemas com Amom, seus líderes israelitas não foram capazes de lidar com a situação. Por dezoito longos anos, eles sofreram a dor aguda da cruel sujeição aos amonitas. Finalmente imploraram a Jefté que os ajudasse, já que tinham ouvido falar de sua grande coragem. Sem dúvida seus irmãos estavam no grupo dos anciãos de Gileade, porque após uma amarga denúncia, ele concordou em se tornar o líder de seu clã, A história sugere que eles sentiram que Jefté era uma pessoa especial mente próxima a Deus, porque devem ter notado como ele ensinou a sua fé à sua filha.
Quando Jefté se tornou juiz, pediu que a tribo de Efraim o ajudasse a derrotar os a- monitas, mas eles o ignoraram. Antes que o resultado da batalha estivesse definido, Jefté fez um voto de que, se tivesse êxito, sacrificaria a primeira coisa que saísse de sua porta ao seu encontro, por ocasião de seu retorno. Alguns acreditam que este foi um voto precipitado, feito em um momento de êxtase ou de desespero, e que ele não imaginava o que poderia realmente acontecer. Outros sentem que eie tinha realmente consciência das prováveis conseqüências de seu ato. Alguns aceitam a tese de que ele esperava até mesmo fazer um sacrifício humano, considerando a alternativa do sacrifício de um animal. Não há razão para acreditar que um líder como Jefté mantivesse em sua casa animais que ele considerasse válidos para serem sacrificados como cumprimento de seu voto. Neste caso, aqueles que assim pensam, consideram que a vitória lhe era sufi ciente mente importante para justificar uma retribuição de alto preço, mesmo se tratando de uma vida humana.
De qualquer modo, ele venceu os amonitas, e quando retornou à sua casa, foi saudado por sua jovem e amável filha. Esta tragédia quase partiu o coração de Jefté, mas ele foi leal a seu voto. Sua dor e o ato de fé da jovem são registrados de forma belíssima pelo narrador hebreu (11.34-40). Ela se retirou para as montanhas, onde passou dois meses orando e se lamentando por sua virgindade. Este pode ter sido um modo delicado de deixar o final da história por conta da imaginação do leitor, ou deve ter sido o modo dela dizer que não tinha marido nem filhos para defendê-la e proibir este terrível ato. A história pode ter sido um reconhecimento do fato de que os vizinhos pagãos faziam sacrifícios humanos, mas os hebreus não. Como o voto era sagrado, talvez Jefté realmente a tenha sacrificado (2 Rs 3.27). Ele também pode tê-la redimido com dinheiro (Lv 27.1-8), e então tê-la separado para viver o resto de sua vida no celibato. Este episódio pode ter dado início ao costume das mulheres de Israel ficarem afastadas por quatro dias do ano, para lamentar o triste destino daquela jovem (Jz 11.40).
Às vezes, a idéia apresentada é a de que Jefté a tenha entregado ao Tabernáculo, onde ela teria passado o resto de sua vida trabalhando como serva do sacerdote, nunca vindo a se casar; e assim seria dedicada aos deveres sagrados da religião como uma virgem santa (cf. Êx 38.8; 1Sm 2.22). De qualquer forma, não existe um exemplo específico no Antigo Testamento para o conceito do celibato feminino no serviço do Templo, embora muitas mulheres tenham desempenhado diversas funções religiosas. Historicamente, esta interpretação aparentemente surgiu de explicações alegóricas dos rabinos Kimchi nos séculos XI e XII Esta interpretação foi Subseqüentemente adotada por muitos cristãos expositores, mas tem pouca base bíblica.
Uma campanha final de Jefté está relacionada, desta vez, contra os efraimitas. Eles o acusaram de não convidá-los para participar da batalha contra os amonitas (Jz 12.1- 6). Parece ter havido um ressentimento por não lhes ter sido dado um lugar importante na campanha contra os amonitas, já que eles reivindicaram a liderança das tribos do norte, e assim consideraram o tratamento recebido como uma questão de honra. Eles exigiram uma explicação imediata, e ameaçaram queimar a sua casa. Ele entrou em guerra contra eles e alcançou outra vitória. Os efraimitas foram dispersados, e quando alguns daqueles que escaparam tentaram ir para casa atravessando os vaus do Jordão, foram inquiridos pelos homens de Jefté se eram efraimitas. Se dissessem que não, o famoso teste chibolete/sibolete seria aplicado. Se pudessem dizer a palavra corretamente, poderiam seguir adiante, Se não, seriam imediatamente executados.
Jefté julgou Israel durante seis anos (Jz 12.7). Samuel o usa como ilustração de como Deus estabeleceu um líder para libertar Israel dos problemas (1 Sm 12.11). Ele foi incluído entre os heróis da fé em Hebreus 11.32.
A. W. W.
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