Quando ocorre o início da vida? A resposta da Bíblia
Como
professora e pesquisadora em Genética Humana, confesso que me enquadrava
dentro da “grande maioria” que acredita que a Bíblia não é clara sobre
quando se dá o início da vida humana, uma vez que conceitos como
“célula”, “zigoto” e o próprio mecanismo de fecundação e gestação eram
um completo mistério para os seus escritores, como é evidente no Salmo
139: “Tu criaste o íntimo do meu ser e me teceste no ventre da minha
mãe… Meus ossos não estavam escondidos de ti quando em secreto fui
formado e entretecido como nas profundezas da terra.” (NVI, grifo do
autora).
Contudo, ao meditar sobre a história do nascimento de
Sansão em Juízes 13, descobri que a Bíblia é BEM CLARA a respeito da
origem da vida humana. Ela conta que a mulher de Manoá, como a mãe de
Sansão é chamada, era estéril até receber a visita de um anjo. Este lhe
declara que ela engravidará de um filho que deve ser nazireu durante
toda a sua vida, pois deve se tornar um juiz do seu povo e libertá-lo da
opressão dos inimigos. O nazireado implicava em um sinal de consagração
interior, através da abstenção de qualquer produto da videira (mesmo
uvas e passas), e de consagração exterior, através da distância de
cadáveres e manutenção do cabelo (o cabelo, assim como a barba, nunca
poderiam ser cortados). O detalhe crucial é que o anjo ordena à própria
mãe que não deve ingerir nada que viesse da uva, embora o nazireado
coubesse explicitamente ao filho.
Para ficar bem clara, esta ordem
é repetida duas vezes. Uma vez à mulher; outra vez a ela e a seu marido
Manoá. Além disso, a mãe também deveria se lembrar de não ingerir
qualquer comida impura, regulamento ao qual se sujeitavam todos os
israelitas, nazireus ou não. Como ela não sabia do momento da concepção,
deveria iniciar o jejum de uva desde já. Contudo, se a “vida” de Sansão
se iniciasse após 11-12 semanas de gestação, a ordem do anjo teria sido
a de abstenção da uva a partir do momento em que a mulher de Manoá
percebesse que estava grávida. Se a “vida” de Sansão se iniciasse
somente após o parto, a mãe receberia ordens apenas para cuidar da dieta
do filho. A seriedade deste compromisso revela que o espírito de Sansão
poderia ser contaminado pela desobediência da mãe desde o estágio mais
tenro do seu desenvolvimento, ou seja: o momento da união de um óvulo
com o espermatozóide!
Portanto, como mães e como pais (note que o
anjo falou a ambos), somos responsáveis pelas vidas que geramos, desde a
sua concepção! Pequenas, preciosas vidas que não podemos, não devemos
rejeitar. Isto também é reforçado por várias outras passagens bíblicas
que refletem a aversão que Deus sente pelo aborto provocado. Por
exemplo, o famoso princípio “Olho por olho, dente por dente” ocorre pela
primeira vez na Torah (os cinco livros de Moisés) no contexto em que um
parto prematuro é provocado porque uma mulher grávida foi ferida em uma
briga de homens: Êx. 21:22-25. Também na Torah, a ordem de que “um
cabrito não deve ser cozido no leite da sua própria mãe” é repetida três
vezes (Êx. 23:19, 34:26, Deut. 14:21). Mais do que um preciosismo
culinário, creio que esta ordem representa a idéia de que uma mãe não
deve ter participação alguma na morte do seu filho.
A principal
razão para a destruição dos povos cannanitas foi a promiscuidade sexual
seguida do sacrifício dos filhos indesejados ao deus Moloque — os bebês
eram queimados vivos. Razões semelhantes conduziram à destruição de
Jerusalém e ao êxodo dos israelitas para a Assíria e a Babilônia. Quer
os filhos sejam queimados após o nascimento, quer sugados aos pedaços
(como quer a cartilha mais recente sobre “Como abortar com segurança” da
OMS), quer destruídos na forma de embriões ou fetos, creio que o ódio
divino contra a destruição da vida humana é evidente de qualquer forma.
Filhos
são sempre uma bênção, mesmo que em circunstâncias indesejadas. O assim
chamado “planejamento familiar” tem minado a saúde mental de centenas
de mulheres às quais foi ensinado que a criação de filhos representa um
fardo e um empecilho às suas carreiras. Acreditem, essa é uma grande
mentira! Dois dos meus filhos nasceram durante o mestrado e um no início
do pós-doutorado. Cada um deles me enriqueceu de uma maneira não
comparável a todo o reconhecimento que obtive pela minha carreira!
Autora: Dra. Angelica B. W. Boldt
Fonte: www.cacp.org.br
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